Apesar
da falta de tradição do Brasil no tênis de mesa, um personagem dessa modalidade
é amplamente conhecido no cenário nacional. Hugo Hoyama foi o representante do
país em seis edições de Jogos Olímpicos e pode ser considerado o maior nome
verde-amarelo de todos os tempos.
Ainda na ativa, com a experiência sendo seu maior trunfo, ele defende as cores
do Palmeiras-São Bernardo-SP. As atenções de Hugo Hoyama são divididas com sua
atuação como treinador da seleção feminina de tênis de mesa, onde está desde 2013
contribuindo na formação das atletas que estarão nos Jogos Olímpicos do Rio 2016.
O melhor resultado de Hugo foi um nono lugar em Atlanta, em 1996. Será a
primeira edição de Jogos após a aposentadoria de Hugo como atleta da seleção,
cabendo a quatro nomes (Gustavo Tsuboi, Hugo Calderano, Caroline Kumahara e Gui
Lin) a missão de fazer bonito dentro de casa. Mais dois nomes serão escolhidos,
no início de junho, para fazer parte da disputa por equipes e, quem sabe,
arrancar uma medalha.
“Acredito que seja algo possível, até para mostrar o crescimento do esporte. É
difícil, a concorrência é grande, mas estarei na torcida, sabendo que é algo
que pode acontecer”, projeta Hoyama.
Tirando Hugo Calderano, todos os outros classificados já possuem experiência
olímpica. O mais experiente deles é Gustavo Tsuboi, que parte para sua terceira
participação nos Jogos. “O trabalho mental é muito importante no tênis de mesa.
Esse fator será ainda mais relevante com a competição acontecendo no Brasil,
onde teremos a torcida a nosso favor. Será uma pressão maior também. Temos que
saber usar isso a nosso favor, aproveitar a energia da torcida para chegar o
mais longe possível”, comenta.
O caminho do Brasil dentro das Olimpíadas dependerá muito do sorteio, que
definirá os adversários da estreia. No tênis de mesa, o sistema de disputa é
por meio do mata-mata. Perdeu, fim da linha.
Sendo assim, será preciso torcer muito para um cabeça de chave não aparecer no
caminho dos brasileiros na estreia. “Mas todos têm a obrigação de estar
bem-preparados. O que pode nos ajudar também não é nem pegar um jogador de
ranking mais baixo, mas sim um adversário em que o estilo de jogo se encaixe”,
analisa o treinador.
Disputa
Enquanto as duas brasileiras devem entrar na primeira rodada, pela
classificação no ranking mundial, os dois brasileiros devem ingressar
posteriormente na disputa, por terem uma melhor posição na lista. Hugo
Calderano deve competir na terceira rodada, e Gustavo Tsuboi ainda tem chances
de também estrear neste momento da competição. Os 16 primeiros do ranking
entram bem mais à frente. No individual, a projeção é que, no máximo, 86
atletas participem da disputa no Rio.
Estilos
diferentes
Na equipe feminina, Gui Lin tem um estilo mais asiático. Chinesa de nascimento,
ela se naturalizou brasileira em 2012 e é uma das maiores esperanças do país.
Já Caroline Kumahara tem um estilo mais parecido com o europeu e tem como
característica manter uma distância média da mesa.
No masculino, Gustavo Tsuboi tem a experiência como aliada, com boa capacidade
de controle da partida. “É muito difícil ele perder para um atleta que esteja
abaixo de seu nível”, pontua Hoyama.
Já Hugo Calderano terá o tempo de treinamento na Europa como suporte. “Ele vem
treinando na Alemanha e tem uma boa movimentação de perna, assim como uma
esquerda perigosa. Ele chegará bem preparado”, afirma o treinador.
Enquanto Calderano conquistou a vaga sendo campeão individual do Pan-Americano
de 2015, os outros três confirmaram presença após o Pré-Olímpico, disputado em
abril deste ano no Chile. Os outros dois nomes serão escolhidos de acordo com o
critério técnico.
Domínio
completo dos chineses
Como é tradição do tênis de mesa, a China chega como ampla favorita para a
disputa. Para Hugo Hoyama, a questão cultural pesa muito para a grande diferença
de capacidade técnica para os demais países. “Lá, jovens de 6 ou 7 anos já
estão em centros de treinamento, pensando no futuro como atleta dessa
modalidade. O tênis de mesa é o principal esporte nesses locais. É outra
realidade”, compara o treinador.
Além disso, o número de clubes de tênis de mesa é infinitamente superior ao dos
existentes no Brasil. “Aqui, essa diferença poderia ser menor se muitas escolas
tivessem mesas. É algo simples, não é caro se introduzir um esporte como esse.
Dessa forma, as crianças brasileiras teriam acesso à modalidade mais cedo, e o
nível certamente seria outro em alguns anos”, sugere Hoyama.
Até lá, o Brasil continuará tendo que usar os confrontos contra as potências
como sala de aula para evoluir.
Fonte: O tempo/Daniel
Ottoni
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